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2 fotos acima - Daniel Mansur


“As Quatro Estações” 

A ação “As Quatro Estações” realizará a exposição “Vaso de Flor” em espaços da cidade de Belo Horizonte. A proposta do Museu Mineiro da Superintendência de Museus e Artes Visuais, da Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais é parte da programação Primavera de Museus 2011 - “Mulheres, Museus e Memórias”, do Ibram.  A ação consiste na exposição de um vaso de flor em uma vitrine e entrevistas com os espectadores, principalmente o público feminino, ao qual a proposta é destinada.  “As Quatro Estações” é uma homenagem a Alberto da Veiga Guignard, um homem que amou as mulheres, um artista, um dos maiores pintores do gênero da natureza morta, das flores e objetos, na arte brasileira. 

Junto ao objeto exposto, um agente da ação educativa da Sumav/Museu Mineiro buscará a atenção do espectador, propondo uma entrevista. As entrevistas serão transcritas com a permissão do entrevistado. O texto transcrito, depoimento individual em torno do objeto exposto, comporá uma narrativa que fará emergir lembranças e memórias coletivas. No Museu, as memórias orais transcritas tornam-se documentos.  Tangidas pela arte da escrita, pelas mãos de artistas escritores, poderão tornar-se a matéria-prima para a criação literária.

Em desenhos de formas, em aromas e odores que atraem e, às vezes, repugnam, a flor preserva, entre sépalas, pétalas, estames e carpelos, uma estrutura viva.  Delicada ou bruta, a flor é planejada para proteger os gametas que perpetuarão a espécie.  Nos vegetais superiores as flores dão origem aos frutos que guardam as sementes de outras plantas, outras flores, outros frutos... Frutos que serão alimento de outros seres  das aves, dos animais, dos homens... 

Elementos que compõem uma das formas clássicas de um dos gêneros da pintura  a natureza morta , o vaso de flor e as flores são, desde a antiguidade, uma representação da beleza, do feminino, do sexo, do desejo, dos ciclos da natureza... Enfim, da vida.  Belas e frágeis, essas flores, retiradas do ciclo natural que lhes deu origem ao serem expostas em uma vitrine, permitem que as admiremos. Deslocadas de sua função natural, tornam-se, pelas mãos do homem, uma representação. 

Toda representação é desenhada por aquele que toma o objeto para si, imprimindo sobre ele aspectos que dizem respeito à história, formação, cultura - um símbolo. As flores, expostas como um arranjo ou perpetuadas na superfície de uma pintura, transmitem-nos o sentido da beleza, mas também, na sua brevidade, o da morte. Como símbolo, a flor afigura-nos estranha e bela - como a vida. 

O objeto exposto em um museu prende-se à lembrança, devoção, amor, afeto, sentimentos que expressam a nossa capacidade de admirá-los - e por eles lembrar. O objeto do museu é como flores colhidas e expostas: perderam-se, mas, aos poucos, pela nossa presença, transformam-se e são novamente revestidos de sentido. O objeto do museu é iluminado pelo olhar daquele que o admira.

Expostas na vitrine - postas para morrer - essas flores atentam para a ressignificação da preservação de objetos nos museus, entendendo-os como algo a ser decodificado pelos sentidos. Os objetos preservados no museu, ao contrário do que muitas vezes imaginamos, são objetos vivos. Pelas mãos do homem que os constrói, vão além: em cada objeto uma lembrança e, em cada lembrança somada, um coletivo constituirá a mínima parte da narrativa que comporá um círculo do qual fazemos parte - a nossa história.

Francisco Magalhães - Museu Mineiro - SUMAV



































6 fotos acima Daniel Mansur




Um comentário:

Obrigado pela visita!!